Declarações e propostas do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, têm causado polêmica e já provocaram reações no Congresso – parlamentares defendem que o ministro vá ao Congresso para dar explicações. Entre outros assuntos, Rodríguez disse que a universidade não é para todos e defendeu incluir a disciplina educação moral e cívica no currículo do ensino fundamental – para os estudantes aprenderem o que é ser brasileiro e quais são "os nossos heróis". Na edição do último fim de semana, a revista "Veja" publicou entrevista concedida pelo ministro. Vélez Rodríguez disse que a volta da disciplina educação moral e cívica nas escolas é uma forma de ensinar ao adolescente que viaja "que há contextos sociais diferentes e que as leis de outros países devem ser respeitadas". Rodríguez afirmou que, viajando, o brasileiro é um "canibal". "Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola", disse o ministro. Na noite desta segunda-feira (4), o ministro voltou a defender o ensino de moral e cívica em um vídeo na página do Ministério da Educação. "Eu vou dar muita ênfase a isso, à retomada desse processo de ensino de valores fundamentais, fundantes da nossa vida cidadã. Tanto no ensino infantil quanto no ensino fundamental, ao longo de todo o ensino fundamental e – por que não? – continuando no nível universitário", afirmou.
O senador Major Olímpio, do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, apoia a proposta do ministro. "Isso vai valorizar, vai ampliar a formação e a visão do cidadão brasileiro a partir da escola, coisas mínimas que hoje, se observa: que as pessoas não sabem mais cantar o Hino Nacional, não conhecem o símbolo pátrio. Então, isso é importante. Não conhecem minimamente a estrutura de funcionamento do estado brasileiro", disse o senador. Na entrevista, Rodríguez também repetiu que a universidade não é para todos, que representa uma elite intelectual, "para a qual nem todo mundo está preparado ou para a qual nem todo mundo tem disposição ou capacidade". Ricardo Velez Rodríguez elogiou o programa Escola Sem Partido e fez críticas ao que chama de "ideologização precoce de crianças na escola". Ele afirmou que a escola não serve para fazer política e que a ideologização nas escolas é "um abuso, um atentado ao pátrio poder e uma invasão da militância em um aspecto que não lhe compete". E ameaçou: quem praticar isso ostensivamente vai responder à legislação.
A presidente do movimento Todos Pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz, também criticou declarações do ministro. Ela disse que o país precisa identificar e enfrentar os problemas reais da educação. "O problema central da educação brasileira é que a gente não tem conseguido garantir aprendizagem dos nossos alunos. Esse é o principal desafio. E como que a gente resolve esse desafio? Com formação de professores, escolas bem geridas, com tempo integral, com material didático de qualidade, com uma boa base nacional curricular. É assim que se resolve", declarou. As declarações do ministro da Educação também provocaram reações no Congresso. Na Câmara e no Senado, já estão prontos pedidos para que Ricardo Vélez Rodríguez explique as declarações, consideradas desrespeitosas, preconceituosas e que atacam direitos garantidos na Constituição. No Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido, contestou o ministro e disse que a educação é direito de todos. "Não se pode, a despeito de querer banir uma pretensa ideologização, tentar impor uma outra ideologia nas escolas. Na verdade, o que ele argumenta fere um princípio constitucional que é o princípio da liberdade de cátedra. E do pluralismo de ideias pelo qual está assentada a nossa educação", disse o senador.
Fonte: G1
Finalidade: Educacional