O incêndio da mais antiga instituição científica do país que abrigava mais de 20 milhões de itens, o Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, causou revolta entre historiadores e estudiosos. O fogo que começou na noite de domingo (2) destruiu todo o interior do prédio, que tem três pavimentos e mais de 9 mil metros quadrados de área útil. De acordo com um bombeiro que participou da operação, a falta de água atrasou o trabalho. O historiador Roberto DaMatta, de 82 anos, atualmente professor da PUC-Rio, trabalhou como estagiário no museu e chegou até a chefia do departamento de antropologia da instituição. Ele se orgulha de ter trabalhado 17 anos no local e lamentou, com revolta, a perda “inominável” do acervo. “O museu é um tesouro nacional, não sabemos cuidar daquilo que temos de bom. Estamos em um processo suicida. O descaso não é a causa, é a consequência de achar que a arte não tem valor. É incomensurável a perda 'Luzia' [o fóssil humano mais antigo já encontrado no país], vamos ser objeto de crítica no mundo todo" - Roberto DaMatta. DaMatta compara os museus aos cemitérios, porque são lugares “que ficam fora do mundo para poder entendê-lo.” “Como as coleções de animais que foram extintos e não existem mais. Muitas coleções do museu foram queimadas. É uma perda inominável, perdemos coisas que não pertenciam ao Brasil, eram um tesouro da humanidade.” Ela afirma que o país perdeu itens históricos tão importantes como se fossem perdidas as obras de Picasso, por exemplo. “Mas não sabemos disso porque não somos um país que lê e que não temos dinheiro para fazer pesquisa.”

 

Fonte: G1

Finalidade: Educacional